Na Terra do Pai Natal.

23:00


Hoje acordei cedo, como sempre.
Fiz a minha rotina igual a todos os dias antes de sair de casa, e ao sair de casa (7:40am), flocos de neve a cair por todo lado era só o que conseguia ver. Estava a nevar imenso. Não estava fácil, estava (bastante) agreste. Mas mesmo assim não pude deixar de sorrir. Estava tudo branquinho. Devia ter começado durante a noite, pois a cada passo que dava, deixava de ver os meus pés, e as noticias anunciavam que iria ser assim o dia todo. Toca a enfrentar porque uma manhã de aula e um espectáculo de dança esperavam-me hoje. Primeiro passo, subway até à baixa da cidade. Até aí é como se nada existisse. Como sempre o meu livro e os meus phones fizeram-me companhia durante os cerca de quarenta e cinco minutos debaixo de terra. O amontoado de gente começa-se a instalar passado algumas paragens, mas graças a Deus, o meu lugar já ninguém me o tira. Tirando quando mudo de linha em St. George, onde por vezes vou entalada tipo sardinha, mas agora já apanhei o jeito de continuar a ler como se nada fosse. Aquela voz que me acompanha sempre em cada viagem, - e que por vezes a deixo de a ouvir e saio na estação errada -, avisou que King Subway Station era a próxima paragem e aí já há espaço de sobra. A rotina é igual. Luvas, cachecol, capuz, arrumar o livro, compor o casaco amarrotado, mala na mão, sair. Na estação, se não tiveres cuidado por onde andas, muito provavelmente levas encontrões de um lado e de outro. Mas passado três meses já começas a conseguir andar até com os olhos fechados. Bom, subir as escadas é o primeiro passo, para me dar de caras com o temporal que estava. Ainda não tinha saído da estação já estava a levar com os flocos todos na cara, olhos, nariz e se não fecho a boca, que se abriu por causa daquela beleza toda, teriam também entrado uns tantos. Beleza toda sim. Ao subir as escadas e ao olhar para cima consegui ver uma passagem linda. Bandeira da América e Toronto e neve a cair a pontes. Sorri de novo, e voltei a sorrir. Estava tudo, tudo branco. O Sr. dos jornais, que estava à entrada do metro parecia um boneco de neve, conseguido-me dar uma ideia de há quanto tempo ele ali estava. Se o streetcar tivesse demorado mais um bocado podia-lhe fazer concorrência. Enquanto ele não veio consegui observar toda aquela cidade branca, naquela manhã de inverno bastante agreste. E voltei a sorrir. Mesmo com aquele vento, aquela neve a vir em todas as direcções, a vida continua e a agitação matinal era igual a todos os dias. Estava linda a minha cidade. Assim que cheguei ao colégio era como se nada fosse! Quentinho, quentinho, quentinho. E só as janelas denunciavam que o temporal ainda durava lá fora. Manhã passada, almoço rápido, - porque às duas horas em ponto havia Heartbeat of Home para ver no Ed Mirvish Theatre - tudo reunido, era tempo de voltar a pôr o equipamento e pisar terreno inimigo. Tudo à volta estava ainda mais branco, e os passeios já estavam com uns belos centímetros de neve. Nós bem rezámos, mas o streetcar estava a demorar. A essa altura já só se ouvia gargalhadas por um lado e via bolas de neve por outro. E houve quem levasse mesmo com uma em cheio no meio da cara. Lindo de se ver. Se streetcar não vem, nós também não vamos a ele. Única solução é mesmo por pés a andar até à estação de metro. A essa altura, não havia tempo para dizer mal da nossa vida. Eu só sorria, porque aquilo era mesmo irreal. A neve fazia-me desaparecer os pés e parecia farinha! A cada cruzamento via-se as enormes máquinas a passar ao lado dos carros e a levar montões de neve. Ia tudo em filinha indiana a ver se ninguém decidia cair, mas houve quem se aventurasse. Os streetcars lá passavam mas iam a abarrotar de pessoas. O sentimento era como se fosse criança. Tudo aquilo estava a deixar uma sensação de conforto apesar de tudo. Estava linda a cidade e não me canso de dizer isso. E lá com o meu capuz cheio de pêlo, com um sorriso de orelha a orelha, fui caminhando até a estação. Por muito que pareça uma desgraça e um inconveniente eu já me habituei e para mim é do melhor que há. É claro que prefiro um solinho e aqueles dias lindos de verão. Mas agora, também já ninguém me tira o conforto de acordar, de olhar pela janela e ver um dia branco de inverno. Porque não é como aqueles dias de chuva, em que o céu está negro, e tudo parece escuro e chato e aborrecido. Aliás já não sei o que é chuva, provavelmente, há dois meses e tal. Aqui o céu continua limpo, por vezes um pouco nublado, mas o dia é luminoso e transparece tranquilidade. Depois de um excelente espectáculo, o final do dia já se adivinhava e por essa altura o tempo já tinha acalmado. O dia pareceu como se eu vive-se na Terra do Pai Natal e ainda fosse Natal. E não pude deixar de me sentir bem, com toda a tranquilidade à minha volta. Na rua havia pessoas por todo o lado a limpar estradas, passeios, entradas de casa e eu cá entrei em casa aos saltinhos porque era tanta neve na entrada que parecia esferovite. Perfect. 

With love, for you.



















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