Esqueceste-te. Esqueceste-te menina. Esqueceste-te que consegues, que se sonhares existes, e se existes é só isso que basta. Esqueceste-te da matéria que és feita, dos genes que herdaste daqueles que mais te amam.
Esqueceste-te que essa matéria, aquela de que és feita, já te levou longe. Tão longe que só te podes orgulhar de ti mesma. Esqueceste-te dos trilhos, dos altos e baixos, dos buracos, da inércia, das pedras no caminho. Mas também te esqueces-te da brisa na cara, do teu cabelo solto ao vento, do cheiro das flores, do belo horizonte refletido nos teus bonitos olhos castanhos cheios de esperança, que herdaste da tua mãe. Do toque das ervas que te guiaram ao bom destino. E esqueceste-te que tens uma luz própria. Esqueceste-te que tens alguém que te olha lá do alto. E que esse alguém te pode deixar tropeçar, mas já mais esse alguém te deixará no chão. Esqueceste-te que o medo anda sempre de mãos dadas com a coragem, e que os mais corajosos são aqueles que fazem dos seus medos o impulso para subir mais alto, e que é tão fácil quanto isto: "- E se eu cair? - Oh minha querida, e se tu voares?". Esqueceste-te que a felicidade não depende de terceiros, pessoas ou objetos. Esqueceste-te que o teu sítio certo é onde estás neste preciso momento, e que amanhã e só amanhã saberás se terás de mudar de rota. Esqueceste-te que a vida tem os seus timings, tem os seus porquês, e tem as suas razões. Esqueceste-te que dentro de ti mora a paz, o amor, e a doçura. A simplicidade. E que, matematicamente falando, a soma das parcelas é igual a energia positiva multiplicada pela tua presença e dividida por aqueles que te rodeiam. Esqueceste-te que és capaz de alternar marés, a direção do vento e a intensidade da luz do sol. Esqueceste-te da força que tens mulher, de acordares, abrires a janela e de sorriso nos olhos agradeceres tudo o que conseguiste até hoje.